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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Saideira da Vida


Saideira da Vida

(autor: paulinfantem)

Sei estar de partida,
Na saideira da vida.
Só, entregue às tralhas,
Na terra de migalhas,
Vou dar adeus à tristeza,
Companheira de mesa,
Nas horas de solidão
E momentos de tensão...
Um tanto sorrateira
Qual menina arteira,
Quase me deixa louco,
Chegou ainda há pouco
Aquela mais temida
De toda minha vida...
Chegou-se-me a morte,
A derradeira sorte;
Um tanto reticente,
Chegou assim de repente:
"-Está chegando a hora..."
"-Oh! Não me leve agora!"
"-Paulo, te buscar venho..."
"-Quanto tempo ainda tenho?"
Ela não quer responder,
Mas eu só quero saber...
"-Se não fosse acinte
Pediria mais uns vinte..."
A morte não diz nada,
Permanece calada...
"-Vinte se não for demais..."
A morte acordo não faz
E com ela não brinco...
"-Quanto? Vinte? Dez? Cinco?"
E com toda altivez
Ela fala outra vez:
"-Pode até ser engano,
Mas talvez um ano;
Se reclamar outra vez
Não fica nem mais um mês."
"-Com tanta gente por aí
Veio me buscar logo aqui..."
Papo de cemitério,
Fico fora do sério,
Dou-lhe uma banana...
"-Só fica esta semana."
"-Tira-me desta agonia!"
"-Só fica mais este dia."
"-E mais esta agora..."
"-Só tem mais esta hora·"
"-Você gosta é de luto."
"-Só mais este minuto."
"-Quero ficar no mundo!"
"-Só mais outro segundo."
É, mas disto eu manjo,
Ela é apenas um anjo;
Quem manda mesmo é Deus,
Que cuida sempre dos seus!
............................................
É o fim, acabou a trama,
Acabou, caio da cama...
Apenas pesadelo,
Mas, que pesadelo!
Nesta curva da vida
Sei estar de partida,
A morte já me acena
E sua mão não é pequena,
Ela já se avizinha,
Mas eu fico na minha...
Chega de brincadeira,
Já estou na saideira.










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